O papa Francisco, internado há 11 dias no hospital Agostino Gemelli de Roma, se manteve sem novas crises respiratórias, e os exames de sangue estão estáveis, informou novo boletim médico divulgado na tarde desta terça-feira (25). A condição de saúde do pontífice, porém, continua a ser considerada crítica.
À noite, ele foi submetido a uma tomografia computadorizada, já prevista para monitorar o quadro da pneumonia bilateral. Pela manhã, segundo o Vaticano, ele voltou a trabalhar após receber a eucaristia.
Francisco está se alimentando normalmente e, dentro do possível, se movimenta no quarto. Mais cedo, o Vaticano divulgara que o pontífice havia passado uma noite tranquila. “O papa descansou bem, por toda noite”, dizia a nota. Este já é o período de internação mais longo de Francisco, 88, desde que se tornou papa em 2013, superando o período de dez dias em 2021, quando se submeteu a uma cirurgia eletiva no intestino.
No dia anterior, a Santa Sé havia informado que a condição do pontífice continuava crítica, mas que havia mostrado uma “leve melhora”, acrescentando que a “insuficiência renal leve”, relatada pela primeira vez no fim de semana, não era motivo de preocupação. Foi o primeiro sinal positivo desde o agravamento de seu estado de saúde, no fim de semana.
Francisco inclusive recebeu visitas, informação apenas especulada até então. Além da equipe médica, somente assessores diretos e seguranças vinham tendo acesso a ele. O pontífice manteve audiência com o cardeal italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, responsável pela administração da Igreja, e com o arcebispo venezuelano Edgar Peña Parra, seu auxiliar. No encontro, acertaram o decreto de Dicastério da Causa dos Santos, que sinaliza o prosseguimento de processos de beatificação e canonização.
Um dos casos que ganharam prosseguimento foi o de Salvo D’Acquisto, carabinieri que trocou sua vida pela de 22 civis na Segunda Guerra. Em 1943, com parte da Itália ocupada pelos nazistas, dois soldados alemães morreram em um suposto ato de sabotagem. O policial foi chamado para verificar o caso e, quando percebeu que um grupo reunido de forma aleatória seria fuzilado em retaliação, assumiu o ato.
Para o papa, esse gesto deve ser considerado um martírio, reconhecimento que foi permitido pelo próprio Francisco em 2017. “Enquanto vivemos em uma época poluída pelo individualismo e pela intolerância em relação aos outros, bem como pela exacerbação de tantas formas de violência e ódio que vemos em nossas cidades, seu testemunho transmite uma mensagem carregada do poder do amor”, disse o papa sobre D’Acquisto, em 2023, quando a morte do militar completou 80 anos.
O decreto causou comoção na Itália. A premiê, Giorgia Meloni, e o chanceler, Antonio Tajani, celebraram a decisão em redes sociais, mas alguma apreensão na imprensa italiana de que o papa poderia estar se esforçando demais. Funcionários do Vaticano dizem seu nível de atividade é compatível com seu estado e que muitas das decisões anunciadas são provenientes de períodos anteriores de trabalho.
Fonte: Folha de S. Paulo
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